quarta-feira, março 06, 2013

O Cinema dos Anos 2000: Fantasmas de Marte, de John Carpenter




This is about one thing: dominion.

Para muita gente, Carpenter tem dado sucessivos passos em falso com os seus últimos filmes, nomeadamente VAMPIROS (1998) e este FANTASMAS DE MARTE (2001). Talvez a sua estética, mais trashy e heavy metal, tenha confundido os menos atentos, porque, na realidade, Carpenter nunca foi tão bem sucedido a arriscar tanto.

Comecemos pelo que (praticamente) não mudou: a obsessão pelo "filme de cerco", sobretudo, os westerns RIO BRAVO (1959) e EL DORADO (1966), ambos do seu ídolo Howard Hawks, onde a acção se concentra no espaço (uma prisão) e se expande no tempo (minutos passam e a história pouco avança).

Falemos do que mudou: a dimensão do desafio, que nunca foi tão grande. Como prosseguir com o estilo encetado pelo seu HATARI (1962) com vampiros sem fazer "mais do mesmo"? A primeira mudança foi o tempo da acção: se VAMPIROS é atemporal, FANTASMAS DE MARTE está bem localizado no tempo. A acção desenrola-se no ano de 2176, em Marte e, logo no começo, somos introduzidos a uma sociedade humana de base matriarcal, feita à imagem de uma Joan Crawford (JOHNNY GUITAR).

Em FANTASMAS DE MARTE, Carpenter transporta o imaginário clássico do western para dentro das fronteiras da ficção científica, mantendo intactos os elementos nucleares do seu universo (afinal, o título do filme é John Carpenter’s Ghosts of Mars) e ao mesmo tempo levando mais longe do que nunca uma pulsão antiga, mas modernizadora: sentar as mulheres nas cadeiras do poder, leia-se, Hawks no século XXI ou será antes "o século XXI em Hawks"?

por Luís Mendonça, (CINEdrio e À Pala de Walsh, organizador do ciclo de cinema Década dos Zeros).

Elenco
. Ice Cube (James 'Desolation' Williams), Natasha Henstridge (Ten. Melanie Ballard), Jason Statham (Nathan Jericho), Clea DuVall (Bashira Kincaid), Pam Grier (Comandante Helena Braddock), Joanna Cassidy (Dra. Arlene Whitlock), Richard Cetrone (Big Daddy Mars), Liam Waite (Michael Descanso)


Sobre John Carpenter

Autor polivalente, desdobrando-se como realizador, argumentista, produtor, montador, compositor e, ocasionalmente, actor, o nome de John Carpenter é habitualmente associado ao género do terror, tal como HALLOWEEN — O REGRESSO DO MAL (1978), O NEVOEIRO (1980) e A BÍBLIA DE SATANÁS (1995) comprovam. Carpenter resumiu a "indefinição" em torno do seu estatuto com estas palavras: «em França, sou um autor; na Alemanha, um cineasta; na Grã-Bretanha, um realizador de género; e, nos EUA, um vagabundo».



1 comentário:

O Narrador Subjectivo disse...

O filme foi um risco para o Carpenter e é um risco estar na lista, mas gosto!

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