terça-feira, julho 16, 2013

O Cinema dos Anos 2000: Garden State, de Zach Braff




GARDEN STATE pertence a um tempo, a um lugar melancólico e sombrio, muito representante de uma adolescência irremediavelmente fatalista à procura de um sentido para uma vida diferente, mais promissora da ilusão de maturidade. Paralelamente, existe também um desejo de estagnação, ou, antes, dessa necessidade afim de evitar o derradeiro adimplemento: a convergência de contradições e a percepção de que a maturidade não é a tal ilusão idealizada, antes uma inevitabilidade.

Discutivelmente o indie por excelência da última década, a primeira obra de Zach Braff rege-se por valores anti-moralistas. O protagonista, Andrew Largeman, descobre a vida na ressaca da morte; o seu pai, afogado em sentimentos de culpa, implode emocionalmente; e Sam, a mentirosa compulsiva expõe a fragilidade que lhe é esperada sob um manto de quasi-originalidade para, de forma idealística, esconder o negrume da mortalidade que desesperadamente procura esquecer. No universo de Largeman, o tempo passa e com ele a linha de consciência desvanece-se naquele a que socialmente se convenciona de "mundo real". A aprendizagem é progressiva e o triunfo dá-se lá para o fim da película quando existe uma ruptura das convenções em detrimento de realismo. É esta palpabilidade que potencia a qualidade do escrito e que comprova o tacto de Braff a lidar com uma temática sobre-explorada no advento do indie norte-americano.

Pautado por uma primorosa e laureada banda-sonora, GARDEN STATE é hábil a manter o equilíbrio entre um humor que dói na alma e um romance envolto numa honestidade trágica. Para a história fica um momento no tempo, tão único e significativo quanto alguma vez o poderia ser. E nas palavras de Sam: "This is your one opportunity to do something that no one has ever done before and that no one will copy throughout human existence. And if nothing else, you will be remembered as the one guy who ever did this. This one thing." E foi exatamente isso que Braff fez.

por Filipe Coutinho (Cinema is my Life).

Elenco
. Zach Braff (Andrew Largeman), Natalie Portman (Sam), Peter Sarsgaard (Mark), Ian Holm (Gideon Largeman), Jean Smart (Carol), Armando Riesco (Jesse), Jackie Hoffman (Sylvia Largeman)


Palmarés
. Festival de Cinema de Estocolmo: Melhor Actor (Peter Sarsgaard)
. Independent Spirit Awards: Melhor Primeira Obra (Zach Braff)
. National Board of Review: Melhor Realizador Estreante (Zach Braff)



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